Coletivo de Trabalhadoras Domésticas da Baixada marca encontro no Rádio Clube
- Carlos Norberto Souza
- 30 de ago.
- 3 min de leitura
Iniciativa pretende fortalecer a voz e a luta dessa categoria profissional cujos direitos não são respeitados e importância não valorizada na sociedade

Neste domingo (31/08), o 3º encontro do Coletivo de Trabalhadoras Domésticas da Baixada Santista segue buscando mobilizar e organizar trabalhadoras para discutir, entre outros assuntos, a possível criação de um sindicato que represente essas profissionais. O Coletivo se reunirá das 16h às 18h, na Av. Brigadeiro Faria Lima, s/nº, Rádio Clube (em frente à Congás).
Desde julho deste ano, o Coletivo promove reuniões presenciais (uma em cada cidade da Baixada Santista), atividades de formação sobre direitos trabalhistas e proteção social, orientação jurídica, produção de material informativo e ações permanentes nas redes sociais. Os dois primeiros encontros foram realizados em Praia Grande e São Vicente.
A iniciativa é realizada em parceria com o Instituto Caxangah, com apoio do Labora - Fundo de Apoio ao Trabalho Digno do Fundo Brasil, por meio do edital “Fortalecendo Trabalhadores Informais na Luta por Direitos”.
Segundo as organizadoras, a iniciativa surgiu da necessidade urgente de fortalecer a voz e a luta das trabalhadoras domésticas da Baixada Santista, uma categoria composta majoritariamente por mulheres negras que, historicamente, têm seus direitos desrespeitados e sua contribuição social invisibilizada. O Coletivo também homenageia Laudelina de Campos Mello, pioneira na organização das trabalhadoras domésticas no Brasil e que iniciou sua luta justamente na Baixada Santista.
O Coletivo escolheu a Zona Noroeste para o 3º encontro porque se trata de uma região onde moram muitas trabalhadoras domésticas nas comunidades e que concentra diversas questões sociais. "Levar o encontro até esse território é uma forma de garantir o acesso e a escuta dessas mulheres, descentralizando o processo de organização política", explica a advogada Paula Ravanelli, que oferece apoio técnico e jurídico ao grupo.
"Trabalhadoras mesmo"
Anfitriã desse encontro na Zona Noroeste, a líder comunitária Léia Siqueira afirma que é importante para as trabalhadoras domésticas da Baixada Santista se organizarem porque "é um coletivo de mulheres, mulheres negras da periferia, trabalhadoras mesmo, que vêm falando sobre a questão do trabalho e sobre os direitos delas adquiridos".
Segundo Léia, a construção de um sindicato das empregadas domésticas aqui na Baixada Santista é uma possibilidade que também será levada à reunião com as mulheres da Zona Noroeste que participarem. "Tem que ter um sindicato para estar representando todos os direitos, porque é uma voz para a luta, para a doméstica não ficar desalentada e sem rumo, sofrendo muito preconceito, e porque o salário não é justo na maioria das vezes", defende.
Articulação e luta
Um coordenador do projeto, o sindicalista Djalma Sutero, acredita que a iniciativa tem a ganhar com a cooperação de sindicatos já estruturados como o Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas. "A articulação com todo o movimento sindical é fundamental para fortalecer a organização, garantir direitos e ampliar a voz, aqui e em todo o país”.
Para a moradora do Rádio Clube, o Coletivo é uma organização "que a gente está junto para poder realizar essas tarefas, botando as mulheres para pensar sobre tudo, a vida e a qualidade dessa vida". Léia considera válido direcionar o momento para falar sobre os direitos e "estar junto com os trabalhadores e com as pessoas mais humildes que sempre precisam de uma representatividade para poder direcionar a luta".








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